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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Homicídios de jovens aumentam em 23 anos

Pesquisa da USP revela que número de assassinatos de crianças e adolescentes de até 19 anos cresceu 461,8% em Goiás em 23 anos
As mortes de jovens por assassinatos em Goiás cresceram significativamente e acima da média nacional em 23 anos. A proporção de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos assassinados (número por grupo de 100 mil habitantes) cresceu 461,8% entre os anos de 1980 e 2002. A média nacional no período teve aumento de 306%. Considerando apenas os números de Goiânia, o aumento é ainda mais expressivo: 662,9%. Os dados são da pesquisa Homicídios de Crianças e Jovens no Brasil, 1980 a 2002, realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP), com apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Em 1980, quando o coeficiente de mortes por homicídio (CMH) entre jovens de 0 a 19 anos no Brasil era de 3,1 a cada grupo de 100 mil habitantes, Goiás ocupava a 16ª posição no ranking dos 20 Estados pesquisados, com 2 mortos por grupo de 100 mil. Em 2002, o Estado passou a ocupar a 12ª posição, com um coeficiente de 11,5, ainda abaixo da média nacional, que foi de 12,6 assassinados por 100 mil com idades de até 19 anos (veja quadro). Goiás ocupa a última posição na Região Centro-Oeste, atrás de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. As tabelas mostram que o crescimento foi menor entre os anos de 1980 e 1990 (49,4%), em comparação ao período de 1990 a 2000 (218,2%). Entre 2000 e 2002, houve um incremento de 18,2% no CMH.
As maiores vítimas, como já demonstraram levantamentos anteriores, são os homens. O recorte por gênero da pesquisa aponta que o maior incremento e os maiores índices encontram-se no grupo masculino. O crescimento, entre os homens, foi maior entre 1990 e 2000 (193,7%). Na avaliação por faixa etária, o incremento maior em Goiás foi entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos (526,6%), mas os índices (CMH) são maiores no grupo de adolescentes de 15 a 19 anos, onde atingiram, em 2002, o valor de 37,8 por 100 mil habitantes. Também foram apresentadas as variantes segundo o tipo de arma utilizada. O estudo revela a predominância de homicídiios decorrentes do uso de armas de fogo, cuja tendência de crescimento é constante e acentua-se a partir de 1998.
O estudo foi feito pelas pesquisadoras Maria Fernanda Tourinho Peres, Nancy Cardia e Patrícia Carla dos Santos, do NEV/USP. Para o relatório, foram analisados dados obtidos pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e dados que compõem o Banco de Dados da Imprensa sobre graves violações de direitos humanos do NEV/USP. Além de informações sobre a violência, a pesquisa também serviu para subsidiar o Relatório Mundial sobre Violência contra a Criança, coordenado pelo professor Paulo Sérgio Pinheiro, expert independente do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre violência contra a criança.
“A pesquisa deixa claro que as crianças e jovens vítimas de homicídios têm cor, situação social, sexo, localização e profissão totalmente conhecidos”, avalia Pinheiro.
Por Carla Borges
Fonte: O Popular – Cidades - Goiânia, 12 de junho de 2007.

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